Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de uma investigação em curso que busca compreender a relação das professoras dos anos iniciais do ensino fundamental com dois grupos de saberes veiculados nos primeiros anos de escolarização : língua escrita e conhecimento matemático. Partindo da concepção de que a escrita é uma prática social analisamos como se dá a inserção das professoras em tais práticas com o intuito de perceber como estas se incorporam e se concretizam em suas vidas e o uso que fazem do texto escrito em seu dia-a-dia. Ao mesmo tempo buscamos investigar como é sua relação cotidiana com textos matemáticos e os condicionantes que se estabelecem entre a interpretação deste tipo de texto e as possíveis dificuldades para a compreensão dos conhecimentos necessários ao ensino desta disciplina. Sabemos que a escrita surge da necessidade de anotar, memorizar e arquivar informações e seu uso foi, durante muitos séculos, ligado à anotação referente à contabilidade e administração. Ao mesmo tempo ela também anuncia um novo momento intelectual que é o surgimento do pensamento aritmético, sendo que sistema de escrita e sistema de numeração caminham juntos. Assim, acreditamos que compreensão de conceitos matemáticos se dá de forma entrelaçada ao uso da língua escrita e que se faz importante observar de que forma as professoras se relacionam e fazem uso desses conteúdos culturais que se transformaram em objetos de escolarização. Usamos como fonte para coleta de dados entrevistas semi-estruturadas - tanto coletivas como individuais - análise de materiais escritos produzidos pelas professoras bem como observação de atividades de compreensão e produção de textos matemáticos realizados por elas. Os resultados obtidos nos indicam que há uma relação estreita entre as dificuldades que envolvem as interpretações de conceitos matemáticos com aquelas que se referem ao uso da língua escrita no dia-a-dia dos professores.