Este texto é o relato de uma experiência vivida - objeto de estudo da minha pesquisa no programa de doutorado da Universidade de São Paulo - na disciplina Didática, ministrada por mim à 112 alunos, professores da cidade de Nioaque (MS), Brasil, no Curso de Pedagogia, dentro de um Programa Interinstitucional de Formação de Professores em Serviço, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, implantado em 1999. Procurei realizar um trabalho mais crítico e acurado pautado pelos princípios da Pedagogia de Paulo Freire, que contribuiu para que as culturas de grupos excluídos - como os pobres, os índios e os assentados pela Reforma Agrária, público alvo do curso em questão - pudessem ser reconhecidas e valorizadas. A Pedagogia Libertadora buscou uma educação comprometida com a comunidade local, onde se dá a vida do cidadão, que serve como ponto de partida e de chegada para se fazer uma reflexão ; a partir de uma dialogicidade que se estabelece entre os pares envolvidos no processo educacional essa realidade será problematizada ; poderemos então formar uma « consciência crítica » no educando ; quando então estaremos educando para a liberdade. É desse ponto que pretendo entender e analisar com maior clareza como se deu o curso de Didática para alunos que na prática já são professores, partindo do pressuposto de que a Didática enquanto disciplina num curso de formação de professores tem como possibilidades : servir de reflexão da prática pedagógica, no sentido de procurar transforma-la em busca de uma educação libertadora ; a formação de profissionais críticos, compromissados, competentes e autônomos. Para a reconstituição e análise dessa experiência me servi de : Planos de ensino e propostas de curso apresentado às turmas ; Anotações feitas durante as aulas ; Trabalhos produzidos pelos alunos nas aulas e nas atividades extra classe ; Auto-avaliação das aulas ; da professora ; do aluno no processo de ensino e uma avaliação do curso.