INTRODUÇÃO
Projetos que contemplam a avaliação institucional são atuais
e instigantes, no cenário educacional brasileiro. O enfrentamento deste
desafio é uma tarefa recente para a Universidade, e precisa ser conduzida
de forma efetiva. Isto inclui a elaboração coletiva de um projeto,
com definições claras quanto ao objeto, tempo, espaço,
prioridades, critérios e estratégias da avaliação
institucional.
Tal procedimento faz com que a Universidade mantenha a ligação
com a sociedade que a envolve, e à qual precisa "prestar contas"
da sua ação. Segundo Fagundes,
quando se desconhece esse entrelaçamento da universidade com a sociedade,
corre-se o risco de ater-se apenas ao manifesto, àquilo que o fenômeno
mesmo revela e, deste modo, passar ao largo daquilo que o fenômeno esconde,
tomando as aparências deste pela totalidade concreta. (1988, p. 16)
A comunicação que propomos resulta de uma pesquisa, cujo objetivo
é avaliar a Faculdade de Educação da UERJ, na ótica
dos membros da sua comunidade acadêmica - professores, estudantes e servidores
técnico-administrativos. Pretende, ainda, alicerçar o espaço
de construção de um Programa de Avaliação Institucional,
a ser continuadamente desenvolvido na Unidade Acadêmica.
Percebemos, no decorrer da investigação, que as referências
à Didática eram freqüentes - tanto explícita quanto
implicitamente, no processo de coleta de dados efetuada. Assim sendo, a transformamos
em uma das grandes linhas temáticas da análise. Vamos, portanto,
"mergulhar" nas representações sociais evidenciadas
pelos estudantes de Pedagogia, com relação a este componente curricular
que consideramos essencial na formação de educadores.
O PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO
A pesquisa a que nos referimos anteriormente tem, como referencial teórico,
a Teoria das Representações Sociais. Serge Moscovici conceituou-as
como "uma modalidade de conhecimento particular que tem por função
a elaboração de comportamentos e a comunicação entre
indivíduos." (1978, p.26)
Existe, portanto, uma relação clara entre a construção
das representações sociais e os processos que compõem a
interação grupal, como se dá nas instituições.
Ao estudar as funções das representações sociais
Abric (1998, p.28-30) destaca uma que tem significado especial para o estudo
da Avaliação Institucional. Trata-se da função de
orientação, determinadora de comportamentos e práticas,
como os que buscamos caracterizar no processo de avaliação.
Até mesmo a "mobilidade" natural das instituições
pode ser compatibilizada com o estudo das representações sociais.
Ao destacar-lhes o desdobramento em face figurativa e face simbólica,
Moscovici (op.cit., p.65) afirma que elas fazem "...compreender em toda
figura um sentido e em todo sentido uma figura." À duplicação
do sentido pela figura, materializando-o, Moscovici chamou objetivação.
À duplicação da figura pelo sentido, interpretando-a, intitulou
ancoragem.
Tal duplicidade dialética sustenta os componentes de construção
e de reconstrução do ato de representar. Nem se trata de reproduzir
a realidade inalterada, numa fotografia estática, nem de um processo
de criação de nova realidade por parte de um indivíduo
ou grupo, de maneira dissociada da História.
Moscovici, ao falar das representações sociais, afirma que elas
são criadas para "transformar algo não familiar, ou a própria
não familiaridade, em familiar." (1984, p. 23-4). A incorporação
do novo (ou não familiar) ao universo conhecido (ou consensual), promove
a criação da realidade social. O ainda desconhecido provoca, no
homem, sentimentos de estranheza e perplexidade, criando a demanda de processo
que o tornem socialmente conhecido e real.
Segundo o autor, as representações sociais desempenham este papel,
fazendo o mundo cotidiano mais conhecido, mas não menos interessante
e desafiador.
A ancoragem consiste em integrar cognitivamente um objeto representado a um
sistema de pensamento social que já existe, alterando-o de alguma forma.
O termo escolhido para designar o processo - ancoragem - mostra o acolhimento
ou "recepção" desse objeto pelo "terreno"
já existente.
De acordo com Moscovici, trata-se de classificar, de nomear "coisas que
não são classificadas nem denominadas, são estranhas, não
existentes e ao mesmo tempo ameaçadoras." (1984, p. 30).
A objetivação permite dar uma "forma" ao conhecimento
acerca do objeto, tornando concreto, quase tangível, o conceito abstrato,
"materializando a palavra" (Jodelet in Moscovici, 1984 a).
Para Moscovici "objetivar é descobrir a qualidade icônica
de uma idéia ou ser imprecisos, reproduzir um conceito em uma imagem."
(1984, p. 38).
A título de exemplificação, podemos dizer que, quando os
nossos entrevistados falavam em professores que "tinham ou não tinham
didática", evidenciavam o processo de objetivação.
Quando associavam a Didática "um dom recebido", no entanto,
o processo presente é a ancoragem.
Nortearam a opção pela metodologia dois princípios: as
considerações empíricas e o sistema teórico que
subentende e justifica a pesquisa. Optamos pela conjugação de
uma adaptação da "Indução por Cenário
Ambíguo" (ISA), criada por Pascal Moliner, com entrevistas semi-estruturadas,
ás quais aplicamos a Análise do Discurso.
Moliner é um dos teóricos preocupados com a questão metodológica.
de investigação das representações sociais, enfatizando
a importância do conhecimento do núcleo central das mesmas. Afirma
que ele tem forte capacidade associativa, relacionando-se com outros elementos
componentes da representação.
Segundo o autor, o ISA pode fazer o levantamento da participação
de cada elemento no núcleo das representações sociais e
a identificação ou delineamento da composição desse
núcleo central..
Esta é a razão pela qual nós nos esforçamos por
desenvolver um método que seja de simples utilização, que
permita formular hipóteses de centralidade e que permita uma validação
experimental dessas hipóteses pela colocação em evidência
de diferenças qualitativas entre os elementos centrais e os demais elementos
da representação. (Moliner, 1993, p.10).
Entre o núcleo da representação e o objeto representado
existe, portanto, uma dupla relação: os laços simbólicos
estabelecidos entre eles e a impossibilidade de dissociar as cognições
centrais, da sua representação.
O pressuposto norteador da pesquisa é de que os professores, servidores
e estudantes da Faculdade de Educação da UERJ elaboram, em relação
à referida instituição, uma "tela representacional",
imagética e parcialmente inconsciente, expressa através das várias
formas de linguagem.
O desvelamento dessas representações pode ser extremamente útil
à avaliação institucional: permitirá o estabelecimento
de um campo de conhecimento e de intervenção institucionais.
Criamos dois instrumentos, para instituir o "cenário ambíguo"
que dá título à metodologia. Eles eram similares, apresentando
vinte itens que enunciavam asserções sobre a instituição.
Diferiam em um aspecto, contudo: o instrumento A identifica a instituição
descrita como a Faculdade de Educação da UERJ; o instrumento B
apresenta as mesmas características como pertencentes a uma faculdade
de educação em termos genéricos.
Os formulários solicitavam que, dos vinte itens, fossem selecionados
os sete mais significativos, relativamente à instituição
mencionada, e que eles fossem graduados, do menos para o mais importante.
Aplicado o instrumento a 490 estudantes da Faculdade de Educação
(metade da amostra preencheu o instrumento A e a outra metade, o instrumento
B), verificamos as hipóteses elaboradas, delimitando o campo representacional
acerca da instituição.
Dos vinte itens que compunham o formulário da pesquisa, quatro eliciaram
respostas ligadas à Didática, quando comentados pelos entrevistados.
O quadro abaixo apresenta esses itens, com a freqüência bruta e o
percentual de escolha entre os 490 estudantes que preencheram o referido formulário.
Nº DO
QUESITO
|
CONTEÚDO
|
f
de
escolha
|
%
de
escolha
|
4
|
Projeto acadêmico sólido e bem definido
|
172
|
35,10%
|
6
|
Currículo bem integrado
|
239
|
48,77%
|
8
|
Aulas de boa qualidade
|
335
|
68,36%
|
14
|
Ementas e programas das disciplinas bem
elaborados
|
179
|
36,53%
|
QUADRO 1: INDICAÇÃO, NO FORMULÁRIO DO "ISA",
DOS ITENS SELECIONADOS
ANÁLISE DO DISCURSO: OUVINDO A "VOZ" DOS ESTUDANTES
Quando optamos pela metáfora da "voz dos estudantes", estamos
utilizando uma expressão de Mc Laren, ao preconizar o "primado da
voz" . Recorre a um conceito de "voz" em Giroux, que bastante
se aproxima da dialogicidade proposta por Paulo Freire: "conjunto de significados
multifacetados e interligados, através do qual os alunos e professores
se engajam num diálogo ativo" (1997, p. 251).
Mais adiante afirma que "a voz do professor reflete os valores , ideologias
e princípios estruturais que os professores usam para entender e mediar
as histórias, culturas e subjetividades dos estudantes" (op. cit.,
p.253).
No intuito da escuta dessa voz optamos pela metodologia da entrevista semi-estruturada,
bastante cabível ao estudo das representações sociais,
e que permite a obtenção do discurso ao qual se aplicou uma variação
da Análise do Discurso. A flexibilidade e possibilidade de articulação
tornaram-na um método atraente para quem estuda as representações
sociais.
Entrevistamos 50 estudantes do Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação
da UERJ - selecionados aleatoriamente da amostra de 490 alunos que responderam
ao instrumento da pesquisa - e, ao criar as categorias de análise cabíveis
à pesquisa, uma das temáticas surgidas foi a Didática.
Os estudantes falavam dela explicitamente - "há professores que
não têm didática nenhuma..." - ou implicitamente -
"acho que o nosso curso devia dar, assim mais recursos pra gente aprender
a ensinar melhor...".
Da redundância de enunciações nos discursos, pudemos criar
categorias amplas, dentro da temática. Delas escolhemos, para este trabalho,
o conceito de Didática para estes estudantes.
"Recortamos", da transcrição literal das entrevistas
realizadas, todas as falas que se relacionavam à Didática. Pudemos
perceber claramente como as representações sociais afetam atitudes,
desenham comportamentos, já que trazem em seu bojo juízos de valor.
Ao dizer que "um professor tem didática nas suas aulas", por
exemplo, discurso freqüente dos entrevistados, o que subjaz é um
conceito positivo, de aula bem estruturada, eficaz, prazerosa, ou outros adjetivos
que se possa atribuir.
Sobre isso afirma Guareschi:
É nossa percepção que a dimensão valorativa,
ética, jamais pode ser separada das ações e, por isso,
de uma maneira ou outra, ela está presente tanto processo de construção
das RS - representações sociais - como em sua estrutura. Perder
a dimensão da não-neutralidade dos processos e representações
é empobrecer e mistificar tanto a uns como outras (1982, p. 45).
É necessário, ainda, um comentário sobre a possibilidade
de detectar-se as representações sociais através da análise
do discurso (AD), metodologia que trata dos processos de constituição
do fenômeno lingüístico.
Eni Orlandi (1987), usando uma terminologia de Marandin, afirma que a análise
do discurso é
uma "colagem teórica" (dado o empréstimo selvagem
de noções a corpos teóricos heterogêneos) e uma "bricolage
prática" (...) mas essas colagens e bricolages são possíveis
por causa de um certo número de teses (implícitas) sobre a língua,
a enunciação, a história... ( p. 177).
Em outra obra (1996) chama a análise do discurso de "disciplina
de entremeio", por ser "não positiva, ou seja, ela não
acumula conhecimentos meramente, pois discute seus pressupostos continuamente"
(p. 23).
Em um terceiro texto, a autora afirma que
A relação do sujeito com o que se diz, ou seja, com o seu discurso,
é complexa e não podemos abordá-la de maneira mecanicista
e automática. Dessa forma, para encontrarmos as regularidades e a unidade
no discurso, é preciso abrir mão de princípios categórico,
de generalizações abstratas. Há regularidades e há
unidade, mas elas são de outra natureza. (1993, p. 76).
Entendemos que "texto" é a unidade de análise do discurso,
e é definido como "unidade complexa de significação,
consideradas as condições de sua produção. O texto
se constitui, portanto, no processo de interação." (Orlandi,
1993, p. 21). Ele é constituído, nesta abordagem, por enunciados,
em vez de palavras escritas. Os enunciados marcam as diferentes posições
do sujeito no texto Orlandi fala, portanto, de três tipos de relações
que ocorrem no interior do "texto":
- relações de força, os lugares sociais e posições
relativas dos interlocutores. Segundo Orlandi (1989, p. 130), "o lugar
de onde falam os sujeitos é constitutivo do que eles dizem e está
representado - mas transformado imaginariamente - nas suas falas".
- relações de antecipação, através
das quais o locutor como que "experimenta" a posição
do ouvinte, partindo da sua própria posição. Isso permite
a regulação da possibilidade de respostas e a direção
das argumentações.
- relações de sentido, ou intertextualidade. O texto nasce
de outro e aponta para um terceiro, formando um "continuum". Além
do mais, pode ser relacionado às suas paráfrases. Ele nunca é
o único texto que poderia ser produzido naquelas condições.
O texto que analisamos foi composto, portanto, das "vozes" dos estudantes
do curso de Pedagogia, como já foi dito. Queríamos delinear um
conceito de Didática, através dos sentidos por eles produzidos.
CONCLUSÃO: COM A PALAVRA, OS ESTUDANTES DE PEDAGOGIA
Para sistematizar a "escuta" das falas dos estudantes, através
da Análise do Discurso, listamos todas as respostas obtidas, a partir
dos itens do instrumento apresentados no Quadro 1, e que se relacionavam á
Didática..
Apresentamos, a seguir, os quatro conteúdos mais freqüentes, relativos
a cada item. Eles foram enunciados de formas diferentes, portanto selecionamos
uma "forma discursiva padrão", mais freqüente nas respostas,
para ilustrar os resultados.
ITEM
|
CONTEÚDOS MAIS FREQÜENTES
|
8 - Aulas de boa qualidade
|
·
bom professor
precisa ter didática
§
saber dar aula
já é do professor, alguns têm o dom
§
tem muito professor
sem didática nenhuma
§
aula de Didática é muito
chato
|
6 - Currículo bem integrado
|
§
o currículo de Pedagogia
devia ter mais Didática
§
na Faculdade de Educação
a disciplina parece meio fora do currículo
§
não é em Didática que a
gente aprende a planejar o currículo?
§
a articulação do currículo
na escola depende da Didática dos professores
|
14 - Ementas e programas das disciplinas bem elaborados
|
·
programa de Didática tem
aquelas listas de métodos
§
o professor de Didática
devia dar o exemplo, né?
§
têm jeito assim, de coisa
meio antiga
§
parece que a organização
do conteúdo não tem uma lógica
§
repete muito as coisas da
Psicologia e da Filosofia
|
4 - Projeto acadêmico sólido e bem definido
|
§
a gente não tem idéia do
que é mesmo Didática, e da sua importância para o projeto de curso
§
para ser considerada, a
Didática não pode falar só da sala de aula
§
precisa ser articulada à
pesquisa, para constituir o curso de pedagogia
§
não é a única disciplina
que parece solta no espaço
|
QUADRO 2 : RESPOSTAS RELATIVAS À DIDÁTICA,
DE ACORDO COM OS ITENS DO INSTRUMENTO DA PESQUISA.
Vamos registrar algumas observações, a título de conclusões
preliminares. É conveniente ressaltar a riqueza do material obtido, que
permite diversos desdobramentos de análise.
Em primeiro lugar, é fácil perceber, alguns discursos que apontam
a Didática como uma espécie de objeto, aquilo que o professor
precisa ter, para ser bom no que faz; outros, como uma espécie de "manual
prático de dar aulas", composto de uma série de métodos
e técnicas, operacionalizados em "passos formais", a clássica
"receita de bolo".
A expectativa relativamente a essa área de conhecimento indica que os
alunos pensam que ela os fará mais organizados, ou de que as aulas dessa
disciplina deveriam ser melhores, já que o conteúdo é de
simples aprimoramento da prática em sala de aula.
Este conceito de "aula" é bastante estrito, já que entendemos
que ela deve transcender o espaço geográfico da sala, buscando
a instituição de múltiplos espaços educativos.
Pode-se perceber, também, uma questão séria, relativa ao
conteúdo da disciplina: ele é redundante e superposto ao de algumas
outras: limita-se ao estudo de teorias psicológicas, ou enfatiza apenas
as questões da avaliação da aprendizagem.
Finalmente, destaca-se a falta de maior fundamentação filosófico-epistemológica
e política, percebida pelos alunos, quando indicam que a Didática
"não tem fundamentação", ou que ela "critica
a escola, mas não apresenta soluções ou alternativas".
Alguns conteúdos fundantes das representações sociais da
didática enfatizaram o clássico "dom do magistério",
aquilo que faz o "ensinar como arte", e que a Didática apenas
complementa.
A analogia com os conteúdos dos chamados "Fundamentos da Educação"
- Psicologia, Filosofia e Sociologia da Educação - mostra novamente
a redundância de conteúdos ( e também de bibliografia, fato
ressaltado por vários entrevistados).
Finalmente, um aspecto sério é a dissociação entre
o que a Didática apresenta como "teoria" e a prática
do professor. Os alunos aspiravam pela interação da Didática
com outras duas disciplinas do currículo do Curso de Pedagogia: a Prática
de Ensino e a Pesquisa.
Tudo isto nos remete a um trabalho clássico de Candau (1994). A autora
critica a existência de uma didática instrumental
concebida como um conjunto de conhecimentos técnicos sobre o "como
fazer" pedagógico, conhecimentos estes apresentados de forma universal
e, conseqüentemente, desvinculados dos problemas relativos ao sentido e
aos fins da educação, dos conteúdos específicos,
assim como do contexto sócio-cultural concreto em que foram gerados.
(p. 13-14).
Em oposição a este modelo ela propõe uma "didática
fundamental" que assume a multidimensionalidade do processo de ensino-aprendizagem
e coloca a articulação das dimensões: técnica, humana
e política, no centro configurador de sua temática." (Candau,
1984, p. 21).
O que "ouvimos" dos estudantes, denotava claramente a instrumentalidade
do conceito de Didática, com tudo que nele se critica, como a estrutura
funcionalista do seu conteúdo, a falsa neutralidade, a dissociação
da realidade e a busca mecânica da "eficiência", entre
outras.
Veiga (in Oliveira, 1993) formula um outro conceito de Didática, que
muito nos agrada
uma das disciplinas pedagógicas dos cursos de formação
de professores, de natureza teórico-prática, voltada para a compreensão
do processo de ensino em suas múltiplas determinações.
Com base em seus vínculos com a pedagogia, a didática generaliza
processos e procedimentos obtidos na investigação das matérias
específicas, das ciências que dão embasamento ao ensino
e à aprendizagem e das situações concretas da prática
pedagógica que ocorre na dinâmica interna da sala de aula. (p.
79-80).
Não fica submetida, portanto, ao âmbito das metodologias "assepticamente"
oferecidas como orientação aos alunos. Da mesma forma, prevê
possibilidades vivas de articulação entre a teoria e a prática,
sintetizando idéias e fazeres. Recorre, assim, às demais ciências
da Educação, sem abdicar do seu conteúdo específico.
Essa Didática contribui verdadeiramente para a formação
do professor, tornando-se indispensável em um Currículo de Pedagogia
que busca, como dizia o mestre Paulo Freire em entrevista dada a Moacir Gadotti
(1991, p. 140):
Essa pedagogia que a gente quer construir com a juventude que vai fazer a
pedagogia nova, com os jovens que, daqui a pouco, também vão escrever
seus livros e construir uma pedagogia revolucionária, certamente não
será uma pedagogia rançosa...
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